Pular para o conteúdo principal

Xingu – Na flecha e no samba


Publicado por pontodepauta

Neno Freitas (*)

“Deixe nossa mata sempre verde…Deixe o nosso índio ter seu chão…” Foi com este refrão que o Brasil todo cantou no ano de 1983, que O G.R.E.S Mocidade Independente de Padre Miguel denunciou a cobiça do homem branco pelo Xingu. E nós representantes da Associação dos Sambistas do Pará, 28 anos depois, nos apropriamos dessa imortal obra para denunciarmos que o governo brasileiro está a ponto de cometer um erro impagável. Pois segue ensandecido, sem ouvidos, sem argumentos, sem decência e sem medir conseqüências, rumo a um destino sinistro.

A presidenta do Brasil, Dilma Rousseff chega ao oitavo mês de seu governo na insistência da construção da usina da morte, a Belo Monstro, na região da volta grande do rio Xingu.

Ela sabe o que quer. Sabe das conseqüências nefastas que esta usina poderá causar à vida e ao meio ambiente, caso seja construída. Por isso, quando fala sobre o assunto, ela mente. Ignora o apelo das populações locais. 

Atropela as comunidades científicas. Viola leis nacionais. Afronta organismos internacionais de defesa de direitos humanos. Age com indiferença e menosprezo ao clamor mundial. E tudo isso porque ela escolheu o seu lado compondo alianças com os donos das máquinas, do dinheiro e dos canhões. Como tudo tem seu preço, precisa agora pagar a dívida. Então que pague com sua própria alma, não com nossas vidas. Não lhe daremos esse direito. Ela já errou muito em pouco tempo. E esse erro será irreversível.

Recusamos-nos a sofrer esse atentado e acreditamos que as pessoas conscientes precisam assumir suas responsabilidades para impedir essa tragédia. É por isso que nesses dias que antecedem o grande ato, nos sentimos inquiridos a escrever essa nota para nossos irmãos do Xingu e aos irmãos dos outros rios da Amazônia.

Na condição de sambistas paraenses, queremos ajudar a entoar o canto de fé e de resistência pela vida. Ajudar a encher a avenida, tal como os rios que navegamos por essas paragens. Queremos ajudar a lançar a flecha dos humildes guerreiros tupiniquins que cruzará o céu neste 20 de agosto próximo, rumo ao coração do mundo, num golpe certeiro e mortal.

É com imenso orgulho que faremos parte desta base contra esta insanidade governamental, lembrando e cantando o samba “Como era verde o meu xingu” fazendo outros sons brotarem da terra… Sons de resistência e de indignação de “Quando o verde era mais verde…E o índio era o senhor.. Kaiamurá…Kalapalo e Kajuru…

Cantavam os deuses livres do verde xingu”…O samba que é a identidade nacional do Brasil, também quer o XINGU LIVRE PRA SEMPRE!…Que rufem os tambores!

Hidelbrando da Silva Freitas (Neno) é Presidente da Associação de Sambistas do Pará – ASSAMPA e da equipe editorial do Ponto de Pauta.

Comentários

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Ferrogrão: o que tem por trás dos estudos atualizados pelo Ministério dos Transportes e Infra S/A?

Ferrogrão: o que tem por trás dos estudos atualizados pelo Ministério dos Transportes e Infra S/A?   Telma Monteiro, para o Correio da Cidadania   O que seria um projeto tecnicamente adequado, economicamente viável e ambientalmente equilibrado para o MT e a Infra S.A.? Certamente essa “metodologia” não está tratando disso na atualização dos estudos da Ferrogrão em que minimizam as chamadas subjetividades e maximizam os fatores só importantes para o projeto econômico.   Introdução para atualizar nossa memória sobre o projeto Ferrogrão O projeto da Ferrogrão envolve a construção de uma ferrovia com aproximadamente 933 km para ligar Sinop (MT) ao porto de Miritituba (PA), para escoar, segundo a Confederação Nacional de Agricultura (CNA), até 52 milhões de toneladas de commodities agrícolas por ano. O traçado previsto no projeto é paralelo à BR-163 em que parte está dentro do Parque Nacional do Jamanxim, que é UC Federal. Além disso, o Tribunal de Contas da União (T...

O “desenvolvimento sustentável” no acordo de energia nuclear entre Brasil e China

O “desenvolvimento sustentável” no acordo de energia nuclear entre Brasil e China Imagem: Portal Lubes Telma Monteiro, para o Correio da Cidadania   O presidente Lula e Xi Jinping assinaram um acordo (20/11) no qual um dos itens propõe a construção de novas usinas nucleares com tecnologia considerada, no documento, avançada e segura, além de ser um marco importante na cooperação entre Brasil e China. O acordo promete fortalecer a capacidade produtiva e a segurança energética dos dois países, promovendo o desenvolvimento de tecnologias nucleares de ponta. Não esqueçamos que Angra 3 já está caindo de velha, antes mesmo de ser terminada. A construção da usina, localizada no estado do Rio de Janeiro, entrou na sua fase final com a montagem dos componentes principais e instalação do reator nuclear. Angra 3 está em obras desde 30 de maio de 2010 e enfrentou vários atrasos ao longo dos anos. As interrupções aconteceram em 2015 devido a uma revisão do financiamento e investigações ...

A “colonização dourada” idealizada pela China

A “colonização dourada” idealizada pela China   Telma Monteiro, para o Correio da Cidadania   Houve ainda quem mencionasse que esses acordos ajudariam o Brasil a diversificar suas atuais fontes de tecnologias com origem em outros países e reduziriam sua dependência. Me parece mais uma troca de “dependências”, só que no caso da China seria muito mais abrangente e sem retorno. A China não transfere tecnologia em troca de nada. Geralmente Xi Jinping condiciona a investimentos disfarçados em parcerias comerciais. Empresas brasileiras teriam que participar de joint ventures , assimilar e depender da transferência de tecnologia como parte do acordo.   Mais de 100 países já aderiram à Nova Rota da Seda ou Iniciativa do Cinturão e Rota (BRI) [1] . Dos 100 países, 22 são da América Latina. Durante a visita de Lula à China, em abril de 2023, já haviam sido assinados vários acordos para reforçar a cooperação econômica entre os dois países. A China tem pressionado o Brasi...