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O escândalo do licenciamento ambiental das hidrelétricas no rio Tapajós – Parte 2

Mapa: Terras indígenas Fonte: Sumário Executivo AAI Tapajós Os indígenas e a comunidade Pimental Para ler a Parte 1, clique aqui O relatório é dramático e mostra o quanto as aldeias Munduruku estavam desassistidas, abandonadas com relação à saúde. Faltavam medicamentos e técnicos de saúde. Crianças estavam morrendo de malária. A distribuição dos medicamentos estava precária e insuficiente. Os postos de saúde, abandonados, estavam entregues à sujeira e aos morcegos. Faltavam comida, macas, enfermarias e quartos na Casa de Apoio a Saúde Indígena (Casai) de Itaituba e Jacareacanga. Há mais de seis meses não havia combustível para deslocamento dos profissionais da saúde na região do Teles Pires. [Para não comemorar o Dia do Índio] Por Telma Monteiro Menos de um mês depois de autorizada a retomada do processo de licenciamento da UHE São Luiz do Tapajós, em 09 de fevereiro de 2012, uma nova minuta do Termo de Referência (TR) [para elaboração do EIA/RIMA], revisado e al...

Hidrelétrica Santo Antônio do Jari: energia para produzir celulose no coração da Amazônia

Foto aérea da fábrica de celulose às margens do Jari (Wikipédia) - Fonte: Observatório Ambiental A barragem da UHE Santo Antônio do Jari rompeu hoje (29) no município de Laranjal do Jari , no Amapá. Há vítimas e ainda não se tem ideia das implicações ambientais do acidente. É importante conhecer a história desse projeto desde sua concepção. Publiquei o artigo em 2008 e o reproduzo agora, atualizado.  Estudos da Aneel projetam a construção de mais três hidrelétricas no rio Jari.   Rio Jari: energia para celulose Por Telma Monteiro Jari é uma variação da palavra indígena airi . Significa "rio da castanha". O rio Jari é afluente na margem esquerda do rio Amazonas e limita os estados do Pará e Amapá. O município de Laranjal do Jari (Amapá) tem aproximadamente 37 mil habitantes às margens do rio e que vivem em palafitas de até dois andares. Laranjal do Jari já foi a campeã em prostituição infantil. A hidrelétrica no rio Jari acabaria com a exuberante Cachoeira de...

O escândalo do licenciamento ambiental das hidrelétricas no rio Tapajós – Parte 1

Localização da UHE Jatobá - Mapa Eletrobras Uma análise dos bastidores do processo de licenciamento das hidrelétricas planejadas no rio Tapajós.   Por Telma Monteiro   O processo de licenciamento da hidrelétrica (UHE) São Luiz do Tapajós começou no Ibama, em 25 de maio de 2009. Nesse dia, o diretor de Licenciamento Ambiental, Sebastião Custódio Pires, requisitou a abertura do processo de licenciamento da UHE São Luiz do Tapajós, no rio Tapajós, a pedido da Eletrobras. Nesse mesmo mês foi emitido o Termo de Referência (TR) para elaboração do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e respectivo Relatório de Impacto Ambiental (RIMA). O projeto da UHE São Luiz do Tapajós foi planejado para operar a fio d’água, no médio Tapajós, na porção oeste do Pará. A ficha de abertura do licenciamento diz que o reservatório terá 722,25 quilômetros quadrados e ocupará parcialmente os municípios de Itaituba e Trairão. Os cálculos são grandiosos para barrar o indomável rio Tapajós. Exemplo...

Um depoimento sincero sobre os Tenharin e Jiahui, por Telma Monteiro

Japi’i Tenharin (de camisa verde) e Moangathu Jiahui se dirigem à mesa, composta por Deborah Duprat, Telma Monteiro e Cleber Buzatto. Foto: FAOR O foco midiático do caso Tenharin, em Humaitá, sempre foi as mortes dos três homens, atribuídas à vingança dos indígenas pela morte do cacique Ivan Tenharin. Questões a meu ver importantes, como informações sobre o cacique Ivan Tenharin, sobre o atropelamento ou sobre a cobrança do pedágio, foram omitidos. Resolvi, então, aproveitando a oportunidade, ouvir o relato de duas lideranças, uma Tenharin e outra Jiahui. Estávamos juntos no Simpósio Energia e Mineração em Terras e Rios dos Povos Originários, na UNB, em Brasília, quando perguntei se eles queriam falar a respeito. Eles concordaram e abriram seus corações. Por  Telma Monteiro , exclusivo para  Combate Racismo Ambiental Algo jamais mencionado nas notícias publicadas, mesmo em blogs sérios, diz respeito ao fato de o  cacique Ivan Tenharin, um Cacique Patriarca Tradic...

Apagão? Não, imposição de um modelo decadente

Charge: sociedadealternativasaorafaelrn.blogspot.com  Por Telma Monteiro Ironia do destino. O JN informou que as hidrelétricas estão com nível quase igual ao da época do apagão. “Foi o terceiro mês seguido de queda. A quantidade de água dos reservatórios nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, que abastecem 70% do país, vem baixando desde o início da temporada de chuvas: 43% da capacidade de armazenamento em dezembro do ano passado; 40% em janeiro deste ano e 34% agora em fevereiro. É um nível semelhante ao de fevereiro de 2001, ano do racionamento, quando os reservatórios estavam com 33% da capacidade. ” Bem feito. Não foi falta de avisos por parte de cientistas, especialistas, pesquisadores, professores. Uma matriz elétrica calcada em mais de 70% em hidrelétricas, com as mudanças climáticas batendo na nossa porta, só poderia dar nisso. “Fartura de energia”, diz o governo. “Somos abençoados por uma energia tão limpa, enquanto o mundo se estapeia por ela”. Mas esse mu...

Hidrelétricas do rio Madeira e impactos teleguiados

Hidrelétrica  Jirau, fotografada hoje, 04/03 - Foto: acpurus.com Por Telma Monteiro Resgatando um pouco da história das usinas do Madeira 2 Revisando minhas anotações colhidas durante a pesquisa dos vários documentos que integram o processo de licenciamento dos aproveitamentos hidrelétricos Santo Antônio e Jirau do Complexo do Madeira, em Rondônia, como o Estudo de Viabilidade e o Estudo de Impacto Ambiental (EIA), acabei me deparando com muitas afirmações que nos levam a questionar a legitimidade desses empreendimentos.   Os técnicos das empresas contratadas pelo Consórcio Furnas e Odebrecht para elaborar os estudos e que pesquisaram os dados que lá estão registrados, me parecem, defendem a tese de “impactos teleguiados”: as áreas de influência do aproveitamento hidrelétrico Jirau iriam até a fronteira com a Bolívia e dali não passariam. Durante o processo de análise do EIA passou despercebida pelos técnicos do Ibama a mais absurda das conclusões conti...

Hidrelétrica Jirau, no rio Madeira, o desastre confirmado

UHE Santo Antônio (ainda em construção) e ao fundo a cidade de Porto Velho O "X" vermelho é para encobrir a propaganda mentirosa do consórcio que diz "Desenvolvimento sustentável para Rondônia e para o Brasil" A cidade de Porto Velho, a capital do estado de Rondônia, nunca esteve tão ameaçada pelas cheias do rio Madeira. Ensecadeira (barragens provisórias) e outras estruturas em construção na UHE Jirau poderão se romper se não houver um controle do nível do reservatório da hidrelétrica Santo Antônio. (Atualizado em 04/03/2014) Telma Monteiro Resgatando um pouco da história das usinas do Madeira O Ministério Público Federal e o Ministério Público do Estado de Rondônia ajuizaram uma Ação Civil Pública (ACP) com pedido liminar contra a mudança de localização da usina de Jirau, no rio Madeira. Isso aconteceu em 25 de agosto de 2008.  A Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováve...

Belo Monte: Desembargadora dá prazo para Norte Energia corrigir problemas das moradias dos removidos

Foto: www.assisramalho.com.br TRF1 ordena que Norte Energia corrija problemas nas casas para os removidos por Belo Monte Por MPF/PA Desembargadora Selene Almeida deu 30 dias de prazo para que a empresa cumpra o que havia prometido aos atingidos pela usina em Altamira, oferecendo três modelos de casas de alvenaria O Tribunal Regional Federal da 1ª Região, em Brasília, atendendo a recurso do Ministério Público Federal (MPF), ordenou que a Norte Energia S.A promova a adequação das casas destinadas ao reassentamento coletivo urbano dos atingidos pela usina de Belo Monte na cidade de Altamira. Estão sendo removidos todos os que moram em áreas de Altamira abaixo da chamada cota 100 (100 metros acima do nível do mar), um número que pode ser de 16 mil a mais de 25 mil pessoas.

Altamira é o melhor município da Brasil

Por Telma Monteiro Atenção: antes de ler este artigo saiba que a Altamira mostrada aqui é uma utopia. Altamira, no estado do Pará, é o maior e o melhor município do Brasil. É um exemplo que está sendo seguido pelo resto do país. Tem 100% do esgoto coletado e tratado, rede de água, coleta seletiva de lixo, hospitais com alta tecnologia para tratamento de câncer e equipados para transplante. Os pacientes recebem remédios de graça e os médicos têm salários dignos e formação especial. Os postos de saúde são um modelo seguido internacionalmente. As escolas são públicas e equipadas com o que há de melhor em mobiliário, as salas são informatizadas e os professores são bem remunerados. Todas as crianças da cidade em idade escolar estão matriculadas em período integral e a merenda, comprada da cooperativa que agrega centenas de pequenos agricultores, é orgânica.   Ruas e avenidas são arborizadas com árvores de frutas nativas da região e em cada quadra o poder público mantém...