Pular para o conteúdo principal

Belo Monte, apagão e a falta de planejamento

Ao sul de São Felix, a neblina matinal se forma acima do Rio Xingu - Foto: Margi Moss
Brasil das Águas 
“Não pode voltar atrás”
Disse o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, depois que centenas de índios voltaram a protestar em Brasília contra a construção de Belo Monte apresentando um documento apoiado por 604 mil assinaturas. Lobão reiterou que o governo tem garantias "legais e ambientais" para fazer avançar o projeto e que a população da área a ser atingida pela barragem, no coração da Amazônia, serão indenizados e realocados. O governo insiste que vai investir na redução do impacto ambiental, que as áreas sociais e indígenas não serão afetadas e que a hidroelétrica irá gerar energia suficiente para a região, que abriga 25 milhões de pessoas. Belo Monte é um dos trabalhos mais ambiciosos do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) e o governo espera concluir a obra em 2015. (EL CRONISTA (AR) – 09.02.2011) Fonte: Nuca


A sumidade e o apagão

Roberto Freire

Brasil Econômico

“Nós também temos uma outra certeza, que não vai ter apagão, é que nós hoje voltamos a fazer planejamento”. Esta declaração foi dada,em fins de outubro de 2009, pela então ministra da Casa Civil do governo Lula, Dilma Rousseff, duas semanas antes de um apagão, quando três linhas transmissoras de energia elétrica se desligam na região da divisa entre Paraná e São Paulo afetando 18 estados brasileiros. Pela primeira vez Itaipu apagou totalmente.

Até mesmo o Paraguai ficou sem luz. Na oportunidade, além das causas climáticas, culpou-se a sempre recorrente herança maldita do governo FHC como o motivo central pelo evento, não tocando em uma questão essencial: o apagão tinha sido consequência de problemas na transmissão de energia. A falha foi técnica e nada mais, apesar dos ditos investimentos maciços governamentais na área, que evidentemente não ocorreram.

O então ministro das Minas e Energia Edison Lobão, com sua proverbial competência afirmou o seguinte à época: “Esse é um episódio que, Deus queira, não acontecerá novamente”. Esquecendo-se que caberia ao governo, e especificamente ao seu ministério, tomar as devidas providências, para que fenômenos dessa espécie não ocorressem. E não esperar intervenções divinas.

Muito bem. Com o providencial nome de interrupção temporária de energia, mais uma vez um apagão, desta vez no Nordeste, deixou sem energia oito estados por mais de cinco horas, afetando mais de 40 milhões de brasileiros. O mesmo ministro das Minas
e Energia até hoje não sabe exatamente o que motivou esse novo apagão, apesar do pedido de apuração rigorosa da, hoje ,presidente Dilma Roussef.

Durante muito tempo sendo apresentada como uma sumidade do setor, pela prestidigitadora propaganda do governo Lula, a presidente Dilma Rousseff, quando ministra das Minas e Energia, agiu dentro dos parâmetros dos interesses do grupo
Sarney, que domina o setor elétrico há décadas. A decantada informação de que nosso sistema elétrico é um dos mais sofisticados e seguros do mundo, não tem assento na realidade, como sabe a população que sofre todos os dias os pequenos apagões de que ninguém fala.

O problema do setor elétrico, além da falta de investimentos na manutenção do sistema, é oriundo do compadrio nas indicações dos responsáveis pelas unidades produtoras regionais, da ausência de um planejamento que priorize as pequenas hidrelétricas, que fortaleça as linhas de transmissão interestaduais, e tenha na geração de energia limpa (eólica, solar, bioenergia, etc.) não apenas um fator de desenvolvimento tecnológico, mas sobretudo a reutilização de resíduos na perspectiva de um desenvolvimento ecologicamente sustentado.

Para tanto seria fundamental quebrar a lógica que ainda orienta o preenchimento de cargos de postoschave, tanto na parte executiva como na fiscalização, pelo critério político e investir na qualificação de uma gestão técnica de excelência. No fim das contas o que está mais do que comprovado é que nosso sistema de energia elétrica é extremamente vulnerável e que o governo, se já fez alguma coisa como diz, precisa fazer muito mais. Mas fazer mesmo. Fonte: Nuca

Comentários

  1. Ha várias maneiras de ver a mesma realidade: "Os conceitos físicos são criações livres da mente humana, não sendo, por mais que possa parece, singularmente determinados pelo mundo exterior" (A. Einstein).
    A análise de rede é uma das aplicações da 'Teoria de Sistema' mais utilizadas para cálculo do "Sistema Interligado" na década de 50/60. O 1º programa de fluxo de potência (load Flow)— apresentado em 1971 — foi utilizado com êxito para cálculo das grandezas de rede do Sistema Sudeste ("Alguns Aspectos do estudo de Fluxo de Potência). Desde então, inúmeras aplicações da 'Teoria de redes' vêm sendo utilizada sob esta nova visão do sistema elétrico como verdadeiro "Sistema Eletrico Integrado".

    Neste tempos de comunicação global, qualquer texto maior do que o contido em uma página, no formato A4, corre o sério risco de não ser lido, exceto por especialistas.Pode tornar-se obsoleto na publicação.
    O plano decenal é uma extensão dos planos que deram certo na década de 50/60, iniciados pelo levantamento de inventário da saudosa CANAMBRA. Hoje se assemelha aos planos quinquinais da era Stalin.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Ferrogrão: o que tem por trás dos estudos atualizados pelo Ministério dos Transportes e Infra S/A?

Ferrogrão: o que tem por trás dos estudos atualizados pelo Ministério dos Transportes e Infra S/A?   Telma Monteiro, para o Correio da Cidadania   O que seria um projeto tecnicamente adequado, economicamente viável e ambientalmente equilibrado para o MT e a Infra S.A.? Certamente essa “metodologia” não está tratando disso na atualização dos estudos da Ferrogrão em que minimizam as chamadas subjetividades e maximizam os fatores só importantes para o projeto econômico.   Introdução para atualizar nossa memória sobre o projeto Ferrogrão O projeto da Ferrogrão envolve a construção de uma ferrovia com aproximadamente 933 km para ligar Sinop (MT) ao porto de Miritituba (PA), para escoar, segundo a Confederação Nacional de Agricultura (CNA), até 52 milhões de toneladas de commodities agrícolas por ano. O traçado previsto no projeto é paralelo à BR-163 em que parte está dentro do Parque Nacional do Jamanxim, que é UC Federal. Além disso, o Tribunal de Contas da União (T...

O “desenvolvimento sustentável” no acordo de energia nuclear entre Brasil e China

O “desenvolvimento sustentável” no acordo de energia nuclear entre Brasil e China Imagem: Portal Lubes Telma Monteiro, para o Correio da Cidadania   O presidente Lula e Xi Jinping assinaram um acordo (20/11) no qual um dos itens propõe a construção de novas usinas nucleares com tecnologia considerada, no documento, avançada e segura, além de ser um marco importante na cooperação entre Brasil e China. O acordo promete fortalecer a capacidade produtiva e a segurança energética dos dois países, promovendo o desenvolvimento de tecnologias nucleares de ponta. Não esqueçamos que Angra 3 já está caindo de velha, antes mesmo de ser terminada. A construção da usina, localizada no estado do Rio de Janeiro, entrou na sua fase final com a montagem dos componentes principais e instalação do reator nuclear. Angra 3 está em obras desde 30 de maio de 2010 e enfrentou vários atrasos ao longo dos anos. As interrupções aconteceram em 2015 devido a uma revisão do financiamento e investigações ...

A “colonização dourada” idealizada pela China

A “colonização dourada” idealizada pela China   Telma Monteiro, para o Correio da Cidadania   Houve ainda quem mencionasse que esses acordos ajudariam o Brasil a diversificar suas atuais fontes de tecnologias com origem em outros países e reduziriam sua dependência. Me parece mais uma troca de “dependências”, só que no caso da China seria muito mais abrangente e sem retorno. A China não transfere tecnologia em troca de nada. Geralmente Xi Jinping condiciona a investimentos disfarçados em parcerias comerciais. Empresas brasileiras teriam que participar de joint ventures , assimilar e depender da transferência de tecnologia como parte do acordo.   Mais de 100 países já aderiram à Nova Rota da Seda ou Iniciativa do Cinturão e Rota (BRI) [1] . Dos 100 países, 22 são da América Latina. Durante a visita de Lula à China, em abril de 2023, já haviam sido assinados vários acordos para reforçar a cooperação econômica entre os dois países. A China tem pressionado o Brasi...