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Terras indígenas para os aproveitamentos energéticos

O jornal Valor Econômico publicou hoje (02/12) um artigo de uma senhora chamada Silvia Calou que, entre outras coisas, sugere "o equacionamento do uso das terras indígenas para aproveitamentos energéticos". Pede também que se faça uma "implementação de legislação que garanta o aproveitamento de potenciais na Amazônia, em face da crescente criação de áreas de preservação ambiental na região, o que tende a congelar o nosso maior potencial hidráulico e a impedir a implantação de linhas de transmissão e gasodutos". Clique aqui para continuar

A senhora autora do artigo inventa um movimento de ação/reação em que os leilões de várias usinas térmicas estão se dando em decorrência da obstacularização/judicialização das hidrelétricas e dos seus altos custos ambientais e sociais. Chama os processos de licenciamento ambiental de "barreiras de ordem institucional, ambiental, social, étnica e jurídica." 

Apenas numa coisa ela tem razão: dezenas de usinas termelétricas têm sido licenciadas muito rapidamente. Há alguma coisa errada...

Lógico que Silvia Calou é representante das concessionárias interessadas em tirar aquilo que eles chamam de "entraves", dos grandes empreendimentos hidrelétricos. Para complementar as informações, fica o registro de que no dia 14 de novembro ela apresentou à Empresa de Pesquisa Energética (EPE) as propostas do setor de energia elétrica que pretendem "solução das questões ambientais" e estabelecimento de estratégias para sensibilização do legislativo, executivo e judiciário.

Um lembrete: a associação da qual Silvia Calou é diretora executiva, representa Furnas, Eletronorte, Tractebel, Duke Energy, Elektro, CPFL, Cemig, etc. TM


A Suez está de olho na proposta do governo de criar mais usinas nucleares no Brasil. A empresa já tem experiência no assunto e na manhas para ganhar leilões de geração de energia. 

Com os precedentes abertos nos processos de licenciamento e licitação de Jirau, é para preocupar que a Suez esteja interessada em fazer usinas nucleares. A usina de Jirau, no rio Madeira, foi arrematada pelo consórcio liderado pela Suez às custas de mudanças nas regras do leilão e as obras foram iniciadas sem licença ambiental e sem o parecer definitivo da Aneel. TM


"A alteração das regras para a construção de PCHs no país levou a uma corrida das empreendedores à Aneel para registrar seus projetos antes das mudanças, que devem ser aprovadas ainda neste ano. É que a partir da entrada em vigor da nova regulamentação a Aneel vai exigir depósitos em garantia dos projetos, estabelecerá prazos para a entrada em operação comercial das usinas e ainda dará preferência para os donos de estudos de inventário. Somente no mês de novembro, a Aneel recebeu mais de duzentos pedidos de registros de projetos básicos e estudos de inventários. Entre abril e outubro deste ano, os pedidos superaram o número de 800. Todos esses projetos vão seguir o curso das regras ainda em vigor na Resolução 395, que só será alterada a partir da aprovação de um novo texto pela diretoria colegiada da Aneel. Havia uma expectativa de que o tema entrasse na pauta de amanhã da reunião de diretoria, o que não aconteceu. De qualquer forma, espera-se que até o fim do ano o novo texto da resolução seja aprovado. O número de projetos básicos de PCHs já chega a quase 1.000 em análise na agência. (Valor Econômico - 01.12.2008)" Fonte: 2398IFE


"As ações de repotenciação e modernização de hidrelétricas não garantem a expansão necessária para suprir a demanda de energia elétrica no Brasil nos próximos anos. A conclusão é do estudo "Considerações sobre repotenciação e modernização de usinas hidrelétricas", elaborado pela EPE. De acordo com o estudo, 44 usinas do país, que somam 24.053 MW de capacidade instalada, formam um conjunto de hidrelétricas reabilitáveis a partir de investimentos em repotenciação. O acréscimo de potência efetiva que seria agregado ao SIN, caso esses empreendimentos alcançassem um aumento máximo de rendimento, seria de 605 MW, o equivalente a uma geração adiconal de 2,4 TWh, ou seja, 0,5% de energia produzida ao longo do ano passado. Em 2007, o Brasil produziu 483 TWh. Para ler o estudo na íntegra, clique aqui. (Brasil Energia - 01.12.2008)" Fonte: 2399IFE

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